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Gabriel Delgado, coordenador da Região Sul e Representante no Brasil, moderou o debate e Cristina Costa, coordenadora técnica da Representação, falou sobre o tema

IICA organiza painel de discussão sobre agricultura e segurança alimentar no Fórum de Cooperação Brasil-África , em São Paulo

País de publicação
Brasil

 

Gabriel Delgado e Cristina Costa - Fórum Brasil-África em São Paulo
Gabriel Delgado e Cristina Costa participam do Fórum Brasil-África em São Paulo

Brasília, 01 de Novembro de 2023 (IICA) – O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) organizou e mediou a mesa de discussão sobre agricultura e segurança alimentar no Fórum de Cooperação Brasil-África, em São Paulo. Principal espaço de debate entre lideranças brasileiras e africanas sobres questões contemporâneas de interesse global, o Fórum reuniu chefes de Estado, agentes governamentais, representante de agências de fomento, instituições financeiras e lideranças do setor privado e da sociedade civil.

O Fórum é promovido pelo Instituto África Brasil, entidade presidida por João Bosco Monte, um dos maiores especialistas brasileiros no tema. “A Área de Livre Comércio Continental Africana, em fase de implementação, será a maior área de livre comércio regional, tanto em número de Estados-membros quanto em tamanho da população, totalizando mais de 1,3 bilhão de pessoas, com um PIB coletivo projetado de aproximadamente US$ 7 trilhões até 2035”, disse Monte durante sua fala no evento, que foi aberto com palestra proferida assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, que afirmou que 2024 será o ano da África. 

“O ano que vem, em grande medida, será o ano da África na política externa brasileira. Este ano foi necessário para que o Brasil se inserisse no mundo. O presidente Lula esteve muito presente em eventos internacionais, mas no ano que vem terá atenção redobrada em relação à África", disse Amorim que foi ministro das Relações Exteriores (2003-2010) nos governos anteriores do presidente Lula.

Este ano, o tema do fórum foi Comércio, Investimento e Desenvolvimento e teve o objetivo de aumentar os contatos comerciais, descobrir novas oportunidades de negócios e de colaboração entre parceiros do Brasil na África, sempre considerando as agendas da sustentabilidade. O encontro teve sessões de diversas áreas com potencial de relacionamento do Brasil com a África. Além de agricultura, houve sessões sobre infraestrutura, energia, logística, cultura, turismo, gastronomia, bens de consumo entre outros temas.

O IICA foi responsável por organizar e mediar a sessão Fortalecimento do Papel do Comércio Agroalimentar no Desenvolvimento Sustentável e a Segurança Alimentar: Oportunidades e Desafios para a América Latina e África.  O painel discutiu oportunidades e desafios para que a América Latina e a África fortaleçam o papel do comércio agroalimentar no desenvolvimento sustentável e as ações que podem ser promovidas para fortalecer o papel dos dois continentes na segurança regional e global, por meio da política, dos negócios e, sobretudo, da cooperação.

“Em um mundo interligado e afetado pelas alterações climáticas, que tornaram os sistemas alimentares mais vulneráveis, o comércio internacional desempenha um papel essencial na segurança alimentar, equilibrando excedente e déficit entre países e contribuindo para reduzir a fome e diversificar os regimes alimentares”, disse Delgado, que destacou a abundância de recursos naturais e de biodiversidade dos dois continentes e as consequentes oportunidades e responsabilidades para conservação do meio ambiente e produção sustentável.

“O comércio agroalimentar internacional na América Latina e no Caribe (ALC) desempenha um papel fundamental na segurança alimentar global, uma vez que constitui aproximadamente 18% das exportações globais de produtos agroalimentares. Entre os países da região estão alguns dos principais produtores e exportadores líquidos de alimentos, que atuam como importantes fornecedores para a segurança alimentar global”, complementou Delgado.

De acordo com o coordenador da Região Sul do IICA,  o Brasil é um dos principais exportadores de produtos agroalimentares, tanto na região da América Latina e Caribe, como no mundo, com uma participação em 2022 de 39% e 7%, respectivamente. Para ele, os números confirmam o estatuto de principal exportador do Brasil, mas também destacam capacidade do País para influenciar a dinâmica do sistema agroalimentar. “

 

Oportunidades de Cooperção - A coordenadora técnica da Representação do IICA no Brasil, Cristina Costa, que debateu com os demais convidados da sessão, falou sobre as oportunidades de cooperação técnica, comercial e científica. Segundo ela, o trabalho conduzido pelo Brasil para aumentar as capacidades produtivas do Cerrado, com base em pesquisa e inovação, está entre o elenco de temas de potenciais parcerias científicas. “A adaptação tropical, desenvolvida no Brasil, pode ser de grande utilidade para os países da savana africana, não somente para a produção de proteínas animais, importante no continente devido ao elevado índice de casos de déficit de consumo de proteínas, mas de outros produtos que podem ter valor maior agregado, o que impacta no comércio. Hoje, o cerrado brasileiro produz com boa escala cacau, café, gergelim e feijões, por exemplo, devido a esses investimentos científicos". 

Outros exemplos para cooperação citados por Cristina são a aquicultura desenvolvida na região amazônica e outras atividades menos comuns, como a ranicultura como um exemplo de atividade que poderia se tornar importantes na República Democrática do Congo, por exemplo, onde há o maior índice de morte de crianças por deficiência de proteínas. “As regiões áridas e semiáridas latino-americanas, que possuem experiências belíssimas de adaptação do uso da palma forrageira, tanto para alimentação animal, como para consumo humano, também bastante comum no México, além de plantações de arroz sem inundação, o que também serve como uma boa alternativa para a produção de energia, ao mesmo tempo que são reduzidas as emissões de metano”, complementou. Na frente comercial, Cristina destacou o potencial de defesa conjunta de um comércio global mais justo para melhorar as condições de vida das populações no campo, particularmente de setores mais vulneráveis, como jovens e mulheres. .

A promoção do diálogo entre África e a América Latina, dois importantes garantidores da segurança alimentar, é essencial para reforçar o papel do comércio agroalimentar e o desenvolvimento sustentável. A colaboração regional e a transferência de conhecimentos podem acelerar os avanços na agricultura sustentável. 

O IICA tem se aproximado do continente africano para explorar novas possibilidades no âmbito da cooperação Sul-Sul. No ano passado, foi realizado na sede do Instituto, na Costa Rica, o primeiro encontro de ministros de Agricultura da África e dos países da América Latina e do Caribe. Este ano, a Representação Brasil recebeu uma delegação da África do Sul liderada por Nkosi Mandela, neto de Nelson Mandela, composta por deputados da Comissão de Agricultura do parlamento sul africano e por funcionários do Departamento de Agricultura, Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural interessados em conhecer a missão e os projetos do IICA.

Também participaram do painel coordenado pelo IICA no Fórum Brasil-África, em São Paulo, o embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles; Marcos Jank, professor de Agronegócio do INSPER, e Frederico Turolla, presidente do PSP Hub, think tank de infraestrutura e Urbanismo.

 

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